Artigo de Opinião: Ângelo Ramalho
O Futuro da Efacec – Jornal de Notícias

Vivemos tempos de incerteza. Tudo parece passível de ser posto em causa, todas as verdades que julgávamos adquiridas parecem ameaçadas e o Mundo (tal como o conhecemos) tornou-se mais volátil do que nunca. Em pouco mais de um mês, um vírus bloqueou pessoas e bens tornando o Mundo num oceano de jangadas de pedra à deriva.

Sou um otimista prudente. E esta, estou convencido, é uma oportunidade. A aceleração das alterações climáticas e a limitação dos recursos naturais impõem a transição para uma economia mais verde e circular. Não apenas porque o Mundo precisa, mas também pela consciência crescente dos consumidores.

O funcionamento das sociedades e das economias vai organizar-se em torno do digital e do ciberespaço. As capacidades humanas serão amplificadas por auxiliares de interação cognitiva, desde a aprendizagem automática, à inteligência artificial. A produção física vai organizar-se de forma descentralizada e mais próxima do consumidor final, de si. A manufatura aditiva e a robótica serão as tecnologias de suporte a todo o processo produtivo. As cidades continuarão a crescer e a sua gestão exigirá tecnologia que garanta segurança e qualidade de vida aos cidadãos. Os hidrocarbonetos continuarão a ser matéria fundamental, mas não para serem queimados em máquinas térmicas. Todos estes pontos são unidos pelo inevitável avanço na eletrificação das economias e das sociedades.

Ao falar de tudo isto destaco três pilares estratégicos de desenvolvimento das sociedades de hoje: a Energia, o Ambiente e a Mobilidade. É nestes três pilares que se desenvolve a Efacec, uma empresa única em Portugal, que tenho a honra de liderar num dos períodos mais desafiantes da sua história, que reúne todas as competências para a transição energética em curso.

O tempo é de incerteza, mas também de combate. E é nestas alturas que se percebe o quão as pessoas são o centro de tudo. As tecnologias, produtos e soluções que desenvolvemos são de pessoas para pessoas. Somos a primeira e a última cadeia de valor.

A Efacec é, antes de tudo, uma organização de conhecimento e este está nos nossos colaboradores. Desde os nossos operacionais qualificados, aos nossos especialistas em tecnologias de ponta. O caráter singular da empresa no panorama português levou a que esta se desenvolvesse durante décadas sem um ecossistema empresarial que a apoiasse, e mesmo que com ela competisse, em verdadeiro cluster. Também por isto as nossas pessoas revelaram uma grande virtude e um traço identitário da empresa. Apoiando-se no sistema científico-tecnológico português, e nas suas universidades, construímos competências distintivas e desenvolvemos soluções e produtos que se impuseram nos quatro cantos do Mundo. A empresa é um dos maiores investidores nacionais em I&D, cerca de 15M€ em média anual nos últimos anos. Acima de tudo, desenvolvemos pessoas nas suas múltiplas competências, gestores e líderes que souberam sempre responder aos maiores desafios que lhes foram propostos, gente que inovou para além do imaginável, ou que executou projetos em localizações inóspitas como o deserto do Atacama no Chile ou nas profundezas tropicais do Quénia. Gente estoica, que faz a diferença!

O tempo da pandemia que vivemos é, antes de mais, um tempo de reinvenção. Temos de emergir mais fortes e de aproveitar as novas oportunidades. A principal passará por uma alteração profunda nas cadeias de fornecimento. Depois da deslocalização das décadas passadas enfrentamos o desafio da relocalização – o retorno das indústrias estratégicas “a casa”, será uma oportunidade única para o país e para a nossa indústria. Assim saibamos identificar as competências necessárias para uma recuperação mais rápida e geradora de maior valor. A digitalização, a adaptabilidade e a resiliência serão alguns dos desafios mais críticos e que nos orgulhamos de permanentemente desenvolver na Efacec.

A capacidade de produção da economia portuguesa tem de ir ao encontro das aspirações de bem-estar individual e de equidade dos portugueses. O crescimento da economia e da produtividade depende sobretudo do desenvolvimento tecnológico. E do conhecimento e das competências das pessoas e organizações

Também aqui a Efacec é um referencial para o nosso país pelo percurso que tem feito e que desejamos acelerar. É um tempo mais de partilha do que de hierarquização, mais de unir esforços do que de trabalhar cada um por si. Os resultados serão sempre proporcionais ao nosso grau de inteligência coletiva.

A Efacec é uma empresa de valor económico e estratégico absolutamente incontornável. Mesmo no quadro da crise do século, demonstra ser uma empresa resiliente, viável, de rentabilidade e forte potencial nos seus setores. A prova são as mais de trinta propostas de interesse na sua compra – a maioria internacionais. Necessita apenas de ser apoiada no que, num quadro de normalidade, seria sempre exigível. Não o fazer é condená-la a danos irreversíveis e pôr em causa a sua sobrevivência.

A Efacec é uma marca do país. Acredito convictamente no seu futuro. E sei que não estou sozinho.