Tecnologia pioneira a nível mundial desenvolvida pela FEUP em colaboração com a Efacec utiliza células fotovoltaicas com soldadura de vidro assistida a laser para produzir energia a baixo custo. Com durabilidade superior a 25 anos, esta tecnologia pode vir a revolucionar o mercado das novas energias. A empresa australiana Dyesol comprou recentemente a patente pelo valor de 5 milhões de euros.

Baixo custo de fabrico, grande eficiência energética e mais de 25 anos de durabilidade. São estas as principais características das novas células solares de perovskita (PSC), que eram já as características das anteriores células sensibilizadas com corante (DSC), embora menos eficientes que as PSC. Ambas as tecnologias fotovoltaicas permitem a conversão directa da luz solar em energia eléctrica de forma renovável e sustentável. Foi com base nestas premissas que a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e a EFACEC concluíram a venda da propriedade intelectual da tecnologia à empresa de energias sustentáveis ‘Dyesol’. Um negócio fechado por 5 milhões de euros e que pode vir a revolucionar o mercado das novas energias.

A ideia partiu de Adélio Mendes, professor catedrático da FEUP, que em colaboração com Alberto Barbosa (EFACEC) e com a contribuição da Agência de Inovação (QREN), CUF-QI, CIN e EDP, avançou para a constituição de dois projectos em consórcio – Solarsel e WinDSC – no âmbito dos quais a tecnologia de selagem foi desenvolvida. Ambos os projectos de investigação contaram com a coordenação dos docentes Adélio Mendes e Joaquim Mendes e da investigadora Luísa Andrade. Com a parceria da EFACEC foi possível introduzir esta tecnologia no mercado a um custo muito baixo e com características que a tornam única a uma escala mundial e bastante competitiva quando comparada com a tecnologia de silício que habitualmente ainda vigora no mercado das energias. Estas células fotovoltaicas possibilitam a fácil integração arquitectónica em aplicações BIPV (Building Integrated Photovoltaics), tiram partido da radiação solar incidente não perpendicular, facilitam a construção de elementos arquitectónicos versáteis devido à sua transparência (ex. aplicação em fachadas e janelas), com diferentes cores e depositadas em substratos flexíveis, além de ser uma tecnologia «limpa» pois as matérias-primas usadas no seu fabrico são abundantes e não tóxicas.

Adélio Mendes, um dos principais impulsionadores do projecto de investigação na FEUP, reforça a importância deste tipo de parcerias e negociações internacionais: «ao vendermos tecnologia de ponta a empresas internacionais estamos a dar provas da nossa capacidade de I&D&I para produzirmos valor industrial, e podemos mais facilmente captar novos investimentos para tantos outros projectos de valor que temos em mãos na Faculdade de Engenharia.»

Do lado da EFACEC, Alberto Barbosa, membro do Conselho de Administração da empresa, confirma o potencial desta tecnologia e a relevância destas parcerias académico-empresariais: “Trata-se de mais um caso de sucesso de parceria entre a Efacec e o mundo universitário, no caso concreto a FEUP. As duas entidades identificaram, em tempo útil, a possibilidade de desenvolver uma nova tecnologia de ruptura face ao tradicional silício. O projecto atingiu e superou mesmo os objectivos inicialmente traçados, quer em termos da qualidade da tecnologia desenvolvida quer de rentabilidade das células. Para as fases subsequentes do processo a FEUP e a Efacec decidiram estabelecer um contrato de transferência de tecnologia com a Dyesol, empresa líder a nível mundial em tecnologia nesta área, e muito mais vocacionada para as tarefas de massificação do produto que se seguem.”

A empresa Dyesol pretende com esta aquisição terminar a produção de módulos de demonstração do protótipo até 2016, e massificar – a partir de 2018 – alargar e massificar a sua produção. Ian Neal, presidente da empresa australiana de energias sustentáveis mostra-se satisfeito com a aquisição da tecnologia e refere que «a durabilidade é o maior desafio técnico neste mercado e esta tecnologia de soldadura tem o potencial de garantir mais de 20 anos de vida aos produtos de PSC e DSC de estado sólido em várias aplicações pelo que estamos muito animados com as perspectivas comerciais».

No que diz respeito à articulação entre a Efacec e a FEUP, mantendo uma estreita relação tecnológica de muitos anos, refira-se que ainda recentemente foi inaugurado um novo laboratório para desenvolvimento e aumento de escala de módulos DSC baseados nas tecnologias inovadoras ETCO e selagem com vidro. Instalado no Centro de Inovação da UPTEC, resultou de dois anos de investigação com um investimento superior a 1,7 milhões de euros envolvendo várias entidades co-promotoras e parceiras.