A evolução da tecnologia vai fazer com que os carros eléctricos ganhem capacidade para mais quilómetros. Já os incentivos para a compra dos eléctricos vão deixar de existir com o crescimento das vendas.

As vendas de carros eléctricos vão continuar a crescer nos próximos anos à medida que os preços descem e que as baterias ganham maior capacidade. Esta é a visão para a mobilidade eléctrica de Ricardo Tomaz da Volkswagen Portugal e que foi partilhada na mesa-redonda “Tecnologia e Serviços”.

“Todas as marcas enfrentam os obstáculos reais e psicológicos com que o cliente se debate hoje em dia para comprar um carro eléctrico: o custo e a percepção de autonomia”, disse o director de marketing da marca alemã em Portugal.

“O custo vem das baterias e o panorama futuro é bastante optimista, pelo menos na tecnologia de iões de lítio. O custo de produção por kilowatt hora ronda os 200 euros, e é de prever que daqui a 3-4 anos esse custo já tenha baixado para metade”, começou por apontar.

Todas as marcas enfrentam os obstáculos reais e psicológicos com que o cliente se debate hoje em dia para comprar um carro eléctrico: o custo e a percepção de autonomia.
RICARDO TOMAZ
VOLKSWAGEN PORTUGAL

A percepção de autonomia é o segundo grande obstáculo ao aumento das vendas de carro eléctrico. “As autonomias de 180-190 quilómetros no início criaram efectivamente uma barreira psicológica para as pessoas que não queriam apenas a mobilidade urbana. Hoje em dia já estão a ser anunciadas autonomias máximas de 300-400 quilómetros e caminhamos aos poucos para vencermos essa barreira da percepção da autonomia”, afirmou Ricardo Tomaz.

Pedro Silva, da Efacec e Ricardo Tomaz, da Volkswagen, falaram sobre as novas tecnologias de mobilidade
Inês Lourenço

A diminuição do preço do carro eléctrico, a par da maior autonomia das baterias e do surgimento de postos de carga rápida são os três factores que estão a criar um cenário favorável para o crescimento do mercado eléctrico, argumentou. “Depois é preciso fazer bom marketing e ter bons produtos na rua, mas isso o sector automóvel já sabe fazer”, defendeu Ricardo Tomaz.

A indústria tem de perceber que aquilo que agora é um incentivo por razões ambientais, vai ser, em princípio, objecto de tributação no futuro. 
JOÃO GAMA
FISCALISTA 

No plano fiscal, o professor João Gama, da Universidade Católica, prevê que a compra de carro eléctrico deixe de receber incentivos no futuro. “Há agora um incentivo para depois haver uma tributação. Isso é inevitável acontecer. A indústria tem de pensar nisso, fazer um modelo de negócio e perceber que aquilo que é agora um incentivo por razões ambientais vai ser em princípio objecto de tributação no futuro”, previu o fiscalista.

A empresa portuguesa Efacec é líder mundial no mercado de infra-estruturas de carregamento rápido para veículos eléctricos. Pedro Silva, presidente executivo da Efacec Electric Mobility aponta que o carregamento rápido é cada vez mais importante, mas os carregadores de grande potência levantam várias questões pois a rede de electricidade precisa de ter a capacidade de aguentar.

Os carregadores de grande potência colocam uma série de desafios e a Efacec está a acompanhar.
PEDRO SILVA
EFACEC

“Uma instalação que tenha seis carregadores de 350 kilowatts numa área de serviço numa auto-estrada: como é que nós vamos acomodar isto? Há um consórcio de cinco marcas que quer criar 400 estações destas na Europa. Tudo isto coloca uma série de desafios tecnológicos e a Efacec está a acompanhá-los”, afirmou Pedro Silva.

O ministro do Ambiente , por sua vez, anunciou que as autarquias e freguesias vão receber 360 veículos eléctricos para os serviços urbanos ambientais. João Matos Fernandes anunciou ainda que o concurso para a apresentação de ideias pelos municípios para o programa Living Labs arranca em Abril, com um financiamento de cerca de 5 milhões.